15 de fevereiro de 2011

A Sangue Frio

No passado dia 1 acabei este A Sangue Frio de Truman Capote. Supostamente, é o primeiro livro do género Não Ficção e o primeiro de True Crime, mas há quem discorde... Confusões à parte, o que é certo é que este livro é uma obra prima. Aquilo que começa por ser uma crónica massuda de uma família do interior dos Estado Unidos e de dois bandidos de pé de chinelo acaba por se revelar uma profunda reflexão sobre a violência nos Estados Unidos e no ser humano em geral... Se no início não há qualquer dúvida de que o crime foi bárbaro e hediondo e que os assassinos deviam ser pendurados pelo pescoço (como foram), no fim a sensação que fica é que todos são vítimas: a família Clutter e os assassinos, Perry Smith e Richard Hickock.
Capote, após 8000 páginas de notas e quase 6 anos de investigação, consegue fazer com que toda narrativa "salte" cá para fora, desenrolando-se na imaginação do leitor como se este tivesse presenciado os acontecimentos. E no fim não consegui deixar de me sentir culpado pelos acontecimentos de Holcomb...
A tradução da D. Quixote está muito boa e consegue manter todo o ritmo que Capote imprimiu ao seu original. Um livro fantástico que recomendo a toda a gente!


2 comentários:

  1. Comecei a ler o livro, mas entretanto vi o filme e encostei-o na estante.
    Mas estava a gostar, gostei da escrita.
    E da forma como evoluiu da reportagem para o "documentário escrito". É um híbrido.
    A ver se o termino um destes dias.
    Sergio Amaral

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  2. Uma das coisas que mais me impressiona neste livro tem a ver com o próprio Truman Capote, ou melhor com a maneira como ele, que era um dandy nova-iorquino, urbano até ao osso, e que até aí costumava escrever crónicas - críticas e ácidas, é certo, mas essencialmente sobre a futilidade da sociedade de Nova Iorque -, se não me engano, na revista The New Yorker; além de também já ter escrito uma novela, Breakfast at Tiffany's, que deu origem ao famoso filme com a Audrey Hepburn(com o título português de "Boneca de Luxo"), a maneira, dizia eu, como ele consegue captar o ambiente da América profunda, tanto do lado das "pessoas de bem", honradas e tementes a Deus, como do lado dos "bandidos" de meia-tigela, que perseguem o sonho americano mas que, no fundo, têm quase a certeza de que, para eles, é impossível alcançá-lo... Mamã

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