26 de dezembro de 2011

Vício Intrínseco

Imaginem um L.A. Confidential com conspiração, CIA e um círculo de tráfico de heroína para financiar operações menos recomendáveis, mas em vez dos polícias durões e corruptos do Confidential, temos um detective privado hippie e pot head arrastado para uma história, talvez demais para a sua camioneta, por uma ex-namorada que se meteu com as pessoas erradas. Junte-se a isto um advogado, também pot head, um saxofonista heroinomano, um milionário que tem um súbito ataque de consciência e uma escuna com o nome de Golden Fang e o resultado é um livro fantástico.
Pynchon brinca com o estilo do policial negro dos anos 50, adaptando-o ao fim dos anos 60, com toda a loucura que isso implica. Desde a enumeração de todos os tipos de erva disponíveis na costa Oeste dos Estados Unidos até aos melhores locais de L.A. para matar a ressaca do fumo (comer) por noventa e nove cêntimos, tudo cabe neste romance. Sportello (o herói da história) consegue desfiar a trama do caso durante uma trip de LSD, qual Sherlock Holmes envolto nos seus fumos de ópio.
Estilo e escrita irrepreensível fazem da leitura deste livro o prazer enorme que não posso deixar de aconselhar a todos.