3 de abril de 2011

Um Estranho Numa Terra Estranha

Robert A. Heinlen foi, durante largos anos, em conjunto com Isaac Asimov e Arthur C. Clarke, considerado um dos Big Three da ficção científica. Heinlen contribuiu de forma inequívoca para mostrar ao grande público a FC. Escrito em 1961, tornou-se no primeiro best seller de Ficção Científica e um clássico de culto da contra cultura do anos 60, devido à sua temática de libertação sexual, à sua posição em relação à igreja e a todo o sabor anti establishment da nossa sociedade que só pensa no consumo e tenta aniquilar o indivíduo. Magistralmente bem escrito, elevando a fasquia da qualidade na FC, Um Estranho Numa Terra Estranha, conta a história de Valentine Michael Smith, um jovem humano mas com educação Marciana, que se vê confrontado com a nossa sociedade e todos os seus males. Por um acaso (ou não) acaba no reduto de Jubal Harshaw, autor, advogado, médico, filósofo, parasita, entre outras coisas, que o adota como filho e o ensina a ser humano. Jubal, por muitos considerado a personagem principal do livro, e também a voz de Heinlein no livro, é dono de uma compreensão da raça humana, não desprovida de algum cinismo, que leva a que Michael considere que o Pai Jubal, seja o mais Marciano dos homens. Um exemplo  de uma pérola de Jubal, que começa com uma conversa acerca de Rodin: "(...) uma pessoa tem de aprender a olhar para a arte. Mas cabe ao artista usar linguagem que possa ser entendida. Muitos destes brincalhões não querem usar uma linguagem que tu e eu possamos aprender; preferem escarnecer porque nós não «conseguimos» ver aquilo que eles querem dizer. Que não é nada. A obscuridade é o refúgio da incompetência (...)". Demais!!!
Michael, após muito tempo e muitas experiências, groca a raça humana, tornando-se num Messias, ensinado a língua Marciana, língua muito mais espiritual que as humanas, professando Tu ês Deus, e seguindo o caminho de todos os Messias: o martírio. Assim, como Jesus Cristo, consegue a força suficiente para as sementes da sua doutrina vingarem entre os homens e dar a Terra de presente para uma nova raça de semideuses.

2 comentários:

  1. Quando li "Um Estranho numa Terra Estranha", já lá iam os anos sessenta há mais de dez, também eu fiquei maravilhada com esta utopia (só acho um nadinha machista o facto de os personagens masculinos principais terem - ou poderem ter - várias mulheres, e nenhuma mulher protagonista te vários homens). Alguns aspectos fizeram-me lembrar o "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley, mas num registo menos pessimista, apesar de terminar com o sacrifício crístico de Michael.
    Paula

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  2. É verdade Paula que o livro é um pouco machista mas é tão bom que se lhe perdoa!!! Tenho que voltar a ler o "Admirável Mundo Novo"... Já lá vão tantos anos...

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