10 de novembro de 2011

Fear and Loathing in Las Vegas: A Savage Journey to the Heart of the American Dream

Quem me conhece sabe que o "Delírio em Las Vegas" é um dos meus filmes favoritos e, provavelmente, já o viu em minha casa umas quantas vezes.
Assim, nada mais natural que ler o livro também.
Thompson mudou-se para para São Francisco em 1965, e esteve na crista da Big Acid Wave, em conjunto com nomes como Ken Kesey, Jefferson Airplane ou  Owsley "The Cook" Stanley, e quando o Summer of Love atingiu São Francisco, Thompson já era um jornalista experiente, com várias publicações espalhadas por vários jornais dos Estados Unidos e da América Latina e dois romances de ficção (não publicados na altura) na bagagem.
Thompson começa a obter notoriedade nacional com um artigo no jornal The Nation sobre os Hell's Angels, após o qual recebe vários convites para escrever um livro. Passado um ano a viver com o grupo e alguns dissabores (Thompson foi espancado por membros do gangue) o seu primeiro livro, Hell's Angels: The Strange and Terrible Saga of the Outlaw Motorcycle Gangs, foi publicado. Esta foi a primeira incursão de Thompson na não ficção e o seu primeiro sucesso literário. A partir daqui sucedem-se colaborações em publicações de renome como New York Times Magazine ou a Esquire, e Thompson começa a interessar-se pelo tema principal deste Fear and Loathing in Las Vegas: a morte do American Dream.
Em 1970 Thompson escreve, por encomenda, The Kentucky Derby Is Decadent and Depraved, peça desportiva sobre o Kentucky Derby, no qual Thompson se preocupa mais com o ambiente decadente do Derby do que propriamente com os resultados desportivos (Thompson não conseguia ver as corridas do seu local de observação). A peça é ilustrada por Ralph Steadman, que o acompanha ao derby, numa primeira de muitas colaborações na carreira de ambos.
Thompson e Acosta
Del Toro e Depp
Em 1971, Thompson junta-se a Oscar Zeta Acosta ("One of God's own prototypes. A high-powered mutant of some kind never even considered for mass production. Too weird to live, and too rare to die" nas palavras de Thompson) para recolher informações sobre a morte de Rubén Salazar, um americano de origem mexicana mexicano morto numa manifestação pela polícia de Los Angeles, mas devido às tensões raciais decidem continuar a conversa em Las Vegas, aproveitando uma proposta de trabalho de Thompson para cobrir a corrida Mint 400. Um mês depois Thompson volta a Vegas com Acosta para cobrir a Convenção Nacional de Procuradores sobre Narcóticos e Drogas Perigosas (tradução minha). Quem melhor que um advogado com um vício de anfetaminas e LSD e um jornalista com historial de abuso de drogas e amor pelas armas para cobrir tal convenção? Destas duas viagens sai uma obra prima, este Fear and Loathing, ilustrado por Steadman com grotescas caricaturas de Thompson (Raoul Duke no livro) e de Acosta (Dr. Gonzo, "a 300-pound Samoan", em honra do gonzo journalism, estilo literário inventado por Thompson), que depois de descascada de todo o surrealismo mostra claramente a desilusão de todo um movimento de contra-cultura afogado no mainstream americano.
Um livro que toda a gente devia ler.



4 comentários:

  1. Ahahahah VERDADE!!! EU VI O FILME NA CASA DO DINIS (e sim, mais que uma vez)!!! SÓ RIR!!!
    Beijinhos para todos, e saudades...
    ps - "wait till you see those bats."

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  2. Ah Medo e Aversão in Las Vegas!! Adoro!!
    O livro ainda não tive oportunidade de ler, mas a seu tempo concerteza que mo emprestas.
    Bem não posso falar de um livro que não li. Mas posso opinar sobre um filme que vi, tantas vezes, e nas mais diversas circunstâncias, que já lhes perdi a conta!
    Há frases que ficam, (como a Kika sublinhou e mui bien) “wait untill you see those bats” “look what God did to us” mas para mim a que mais me marcou “ you can turn your back on a person, you can never turn your back on a drug”.
    Enfim, com tanta peripécia e tanta sátira, convém dizer que a OST é irrepreensível, quem é que não se lembra da cena da laranja na banheira, acompanhada pela melodia dos Jefferson Airplane, White Rabbit.
    Agora quanto a aferir sobre a adaptação do livro à tela, ninguém melhor do que tu para o fazer, mas presumo que seja mais do que satisfatória.
    See ya later alligator! :D
    Sibila

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  3. Tens toda a razão, Dinis! As loucuras que nos divertem tanto, também nos fazem pensar no tema principal do livro, que é a desilusão de ver algo que pensávamos que ia mudar o mundo não o mudar (enfim, algumas coisas mudaram, mas o mundo não)e acabar por ser reabsorvido e integrado pela "normalidade".
    Paula

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