3 de agosto de 2012

Guevara - Antologia

A primeira vez que li este livro tinha uns dezassete anos e tenho que admitir que achei muito mais piada na altura.
O Comunismo não é resposta. Tem que haver outra solução de esquerda porque senão estamos lixados. Por exemplo, no texto "O exemplo cubano: caso excepcional ou vanguarda da luta contra o imperialismo", Guevara começa por elogiar Fidel Castro, pessoa que transformou a Revolução Cubana numa ditadura do proletariado. A seguir refere o desejo do campesinato de uma reforma agrária que lhe permitisse possuir um pouco de terra e destruísse os latifúndios... Bem agora já não há campesinato porque ninguém quer vergar a mola no campo. Ou ainda que "(...) nos parece improvável é que as forças armadas aceitem profundas reformas sociais (...)"... A nossa revolução provou o contrário.
O que mais me interessou foi o capítulo "A guerra de guerrilha", um manual prático, criado a partir das suas experiências, mas, infelizmente, é composto apenas por excertos.
Qualquer das formas tiro o chapéu aos autores da selecção e tradução (Adriano de Carvalho e João Bernardo) e ao editor (da Novo Rumo) por lançarem este livro em plena ditadura, no ano de mil, novecentos e sessenta e sete.
Guevara presidiu vários tribunais revolucionários e com isso manchou a sua imagem com várias penas de morte, talvez escusadas, em nome do povo e da revolução. Mas o seu coração era bem intencionado e por isso pagou com a vida.

1 comentário:

  1. Dinis, só para esclarecer: a ditadura do proletariado (não que eu concorde com o conceito), bem como o comunismo (e isto a maior parte das pessoas não sabe)eram, segundo Marx, ETAPAS para atingir a sociedade perfeita, ou seja, socialista. O mal talvez (digo talvez, não tenho a certeza) tenha sido todas as tentativas se terem ficado pelas etapas, e não prosseguirem até ao socialismo. Por outro lado, Marx não era adivinho e, se bem que tivesse previsto como iria evoluir o capitalismo do seu tempo, não previu até onde ele chegaria no nosso, tal como falhou noutras previsões (p. ex., quando disse que o primeiro país onde a revolução triunfaria seria a Alemanha, e o último a Rússia). Paula

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